domingo, 3 de julho de 2011

Nas areias de Iracema...

Por Soriel Leiros

         Confesso que sou iniciante e, por conta disso, minhas palavras denotam certa inexperiência diante dos fatos.
            Contar histórias, ou melhor, escrevê-las, não é uma das tarefas mais fáceis, aliás, poderia afirmar que são tarefas quase impossíveis. Não é coisa simples prender a atenção de alguém quando se vive num mundo onde os valores estão esquecidos e o ritmo de vida está cada vez mais frenético.
            Sigo com o meu bloco e nenhuma ideia me aparece. Fico nervoso, tenso. Tenho pena de minhas unhas! Começo a suar, passar as mãos nos meus cabelos... Rabisco aqui, ali, acolá e nada. Fico preocupado por não atender às expectativas daqueles que sempre esperam o melhor de mim. Parece loucura, não é mesmo? Por que tanta pressão e exigência de si próprio? Nem eu mesmo sei responder. No entanto, gosto de desafios e tudo que os cerca. Busco, então, estar perto das pessoas, da natureza, do mundo real.  Quem sabe não me vem uma inspiração?
            Saio de casa, e já, no meio do caminho, as ideias começam a aparecer. A cidade que me cerca começa a me dar as respostas que eu tanto busco. Começo meu caminho entre as areias de Iracema, espaço de tanta cultura e, certamente, de muitas histórias. Sinto que aqui encontrarei uma ajudinha para minha crônica.
            Sento-me diante do mar, num fim de tarde em que os últimos raios de sol me anunciam que a noite será maravilhosa. Que beleza! Famílias e mais famílias desfrutando de seus momentos de lazer, crianças brincando de uma forma totalmente descontraída e casais apaixonados que, através de um longo abraço ou de um beijo ardente, demonstram felicidade.
            Às vezes, me bate uma saudade de amores antigos e me lembro de um trecho da canção do Caetano: “(...) andar de mão dadas na beira da praia, por esse momento eu sempre esperei”. Como eu não pensei nisso antes! Estava tão perto e tão distante, ao mesmo tempo, de descobrir que passos seguir para a construção do meu texto! Como esquecer a cidade de Fortaleza, que é forte até no nome, sobretudo, este espaço tão rico, forte, envolvente, que a praia nos traduz em sensações especiais.
            Ao fundo, o som gostoso de um bom forró que se mistura com o sorriso do menino e da menina, aquele sorriso moleque tão característico da minha gente.
            A noite chega e, com ela, vem ainda mais uma sensação de bem-estar. Gente de todo lugar, que numa única só cor, pedala, corre, patina, come, se conhece, ou, até mesmo como eu, escreve e se sente num pedacinho de sua casa.
            Olho para a estátua da Virgem dos Lábios de Mel e, numa conversa totalmente informal e inconsciente, me revela segredos que guardarei comigo.
            O fascínio provocado pelo vai e vem destas ondas me faz voltar para casa com a sensação de dever cumprido, num dia que ficará para sempre marcado na minha memória.
            Tenho certeza de que a contemplação do belo não está morrendo e de que minha crônica está perfeita. Ops! Perfeita não! Está pronta para marcar o coração daqueles que se identificam com os momentos mais simples da vida.