domingo, 5 de junho de 2011

Escola de Arte e de Ofício Thomaz Pompeu Sobrinho



          No início do século XX, a cidade de Fortaleza respirava a belle époque. Em crescente expansão e com uma população em torno de 80.000 habitantes, bondes elétricos encarregavam-se do transporte e suas ruas eram iluminadas por gás carbônico. O processo de industrialização ganhava espaço no ambiente urbano da capital cearense.  Nomes importantes para a construção histórica da cidade, como Filomeno Gomes e Acrísio Moreira da Rocha, optaram por morar em chácaras e palacetes, que foram construídos na parte oeste da cidade, conta a moradora Maria Alderi, que já reside no bairro há 75 anos. Surgia, assim, o bairro Fernandes Vieira.
         Em meio a essa sociedade que emergia, destacamos o intelectual Thomaz Pompeu Sobrinho. Antropólogo, historiador e escritor, além de engenheiro, exerceu um grande papel nos estudos sociológicos cearenses, além de ter sido o primeiro presidente da Academia Cearense de Letras.
        Ele é responsável por uma das construções arquitetônicas mais belas da época. Nascida em 1929, com traços de influência art-nouevau  italiana, o que caracteriza bem a aristocracia fortalezense, a casa de Thomaz Pompeu ainda hoje chama a atenção de moradores do bairro e de visitantes. Suas estruturas internas conservam o teto de ferro, típico das ferrovias, que, à época, davam suporte ao trem e ao bonde, meios de transporte bastante utilizados. Funcionou como residência para ele e sua família até 1967, ano em que se deu seu falecimento.
         O casarão fica localizado na av. Francisco Sá, 1808, no bairro Jacarecanga. Aquisição do Governo do Ceará é, hoje, Patrimônio Histórico do Estado. No local, atualmente, funciona a Escola de Artes e Ofício Thomaz Pompeu Sobrinho. Protegido pela lei 9109-68, o prédio conserva sua estrutura original, mantendo compartimentos como porão e ambientes ao ar livre, jardim com plantas e árvores originais.
         Equipamento da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) e gerido pelo Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), tem como proposta a interação com a comunidade através da arte. Por esse motivo, suas atividades são voltadas para a educação e cultura.
        A Escola promove oficinas de grafite, xilogravura e confecção de brinquedos, dentre outras. Para participar, é necessário passar por um processo seletivo, que tem como um dos requisitos que o interessado esteja cursando o ensino médio, ou ainda, que já o tenha terminado. É importante salientar que é oferecido, para os matriculados que têm idade entre 18 e 24 anos, um benefício financeiro. A instituição tem programas de parcerias com outras instituições governamentais, como o Dragão do Mar, possibilitando a extensão da capacitação.
        Merece destaque o curso de restauração. Ele oferece suporte de aprendizagem para serviços de reformas internas de estruturas físicas de edificações. Os alunos são, muitas vezes, os próprios promotores de restaurações quando necessário. No entanto, no prédio, todas as reformas são feitas com o intuito de preservar as suas características primitivas.
        Maicon Rodrigues, responsável pela visitação do local, nos conta que há outros serviços os quais a população, em geral, pode utilizar. Um deles é a Ilha Digital. Nesse lugar, o usuário faz a utilização de serviços tecnológicos, dentre eles o acesso à internet. É necessário apenas que seja feito um agendamento. É também colocada à disposição das pessoas em geral a biblioteca, que tem como lema “Arte, Cultura e Patrimônio”. Marta Ângela, bibliotecária responsável, conta que cerca de quinze crianças freqüentam o lugar diariamente. Além de terem a oportunidade de realizar as atividades escolares, elas fazem trabalhos de pinturas e leituras de livros paradidáticos. O acervo bibliotecário contabiliza em torno de 1.500 itens, dentre eles, exemplares da Revista do Instituto Ceará, que foram escritas pelo brilhante Thomaz Pompeu Sobrinho.
         Atualmente, a Escola está promovendo uma exposição de xilogravuras feitas pelos ex-alunos. Diversas são as abordagens entre as obras. Entre elas, é possível destacar a reprodução da realidade vivida pela população carente.
        São diversos os cursos oferecidos pela Escola de Arte e de Ofício Thomaz Pompeu Sobrinho, assim como também eventos promovidos pela Secretaria de Cultura do Estado através da Instituição. É possível acessar a programação pelo site http://www.eao.org.br/index.php/institucional/, como também pelo livreto distribuído no local, no Dragão do Mar e em vários pontos da cidade que dispõe do material.
       O fortalecimento da cultura e da arte é, inegavelmente, um fator positivo para a mudança de uma realidade estereotipada da juventude brasileira. Agregado à educação, ele é capaz de mudar destinos que, até então, pareciam consolidados, transformando a realidade do jovem e, consequentemente, repercutindo nos laços sociais. Isso contribui para que a geração do amanhã possa produzir conhecimento. Essa “arma” possibilita a mudança de muitas realidades postas e enraizadas.

Por Kelly Hekally

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