domingo, 5 de junho de 2011

Iracema: “a virgem dos lábios de mel”
foto: José Gabriel
           Iracema, índia guerreira, protetora do “segredo da jurema” bebida que proporcionava aos guerreiros da tribo tabajara o poder de realizar todos os seus desejos em sonhos. Como guardiã desse segredo, a índia tinha sua virgindade destinada à felicidade de seu povo. Sentada à beira da lagoa de Messejana, está à estátua de Iracema. Um monumento belo feito de aço, tem 12 metros de altura e pesa cerca de 16 toneladas.
            Uma obra escrita pelo saudoso romancista cearense José de Alencar, Iracema encanta a todos com sua garra e com sua beleza, assim como fez com o português Martim Soares Moreno que se encantou de imediato com a doçura de sua boca. Quem passa pela avenida da lagoa em Messejana, fica encantado com um dos maiores e mais belos monumentos culturais da cidade de Fortaleza. Inaugurado em 01 de maio de 2004, a estátua de Iracema concretiza a importância dessa obra para a história do Estado do Ceará e para a literatura nacional.
            Não haveria lugar melhor para Iracema repousar do que na lagoa de Messejana onde segundo a obra de Alencar, Iracema tinha o costume de banhar-se. Sentada em uma pedra na beira da lagoa, a índia se refresca com a água que jorra de uma cuia. Seu corpo quase nu, tendo apenas seus preceitos femininos cobertas por uma saia feita com penas, seu busto é escondido por seus belos cabelos. Apesar de meiga, Iracema transparece um ar de guerreira, tendo em uma de suas mãos a mais importante arma carregada pelos índios: a flecha.
foto: José Gabriel
            O pôr-do-sol na orla da lagoa é um convite para apreciar a beleza da natureza, onde o crepúsculo das nuvens mistura-se com a imagem da índia, e tudo parece fazer parte de uma mesma melodia. O canto dos pássaros mistura-se com o irritante som das buzinas dos carros que ali por perto passam. A calmaria da águas da lagoa mistura-se com o ritmo de caos que é o trânsito de Fortaleza. Milhares de carros passam todos os dias pela estátua de Iracema, acredito que poucos sequer olham para o lado, muitos olhares passam despercebidos diante de tanta beleza.
foto: José Gabriel
            O final de tarde convida a um passeio pela orla da lagoa. São poucos os que ainda se arriscam a caminhar por aquele local ou que param para simplesmente ficar admirando a paisagem. A todo instante alguém passa em frente à estátua de Iracema. No entanto, ninguém se arrisca em parar para admirá-la, o medo da violência afasta as pessoas. A prova dessa violência desenfreada pode ser vista na própria estátua. A flecha que passava segurança de uma índia guerreira há muito tempo foi roubada. A cuia de onde jorrava a água com que Iracema se banhava há tempos está vazia. O corpo da Índia encontra-se pichado. É triste ver uma imagem tão bonita ser destruída aos poucos pelas mãos daqueles que deveriam se orgulhar daquele monumento. São poucos os que sabem a importância dessa estátua para cultura cearense.   
            Os pescadores da lagoa de Messejana admiram a imagem de Iracema enquanto tira daquele recinto habitado por uma índia o seu sustento. A estátua de Iracema promove aos olhos de todos os cearenses e principalmente aos nascidos na terra de Alencar a dádiva que é a beleza daquela mulher. Morena como a noite, com seus cabelos longos e negros, um olhar seguro, e como diria seu criador: “com os lábios de mel“.
 Por: José Gabriel              

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